terça-feira, 12 de junho de 2012

CARTA DE UMA ALUNA DE JUAZEIRO/BAHIA/BRASIL. Defendendo a grave dos professores do Estado da Bahia

É grande, mas vale a pena!


Por que sou a favor da greve dos professores do Estado da Bahia:
Ao ouvir pessoas contrárias a greve, senti uma AVERSÃO ao ser humano. Isso porque a cada dia que passa nós, humanos, continuamos egoístas e apenas olhamos em torno de nossos interesses. Somos incapazes de olhar para o OUTRO, sem antes pensar em nós mesmos.

É fácil apontarmos o dedo para os professores, acusando-os de errados, quando meu pai e minha mãe não seguiram essa profissão e não dependem da docência para dar uma vida digna a seus filhos; é fácil jogar na cara dos meus mestres e cobrar AMOR À PROFISSÃO quando não a escolhi pra mim; é fácil nos caracterizar como PREJUDICADOS, quando não recebemos todo mês um contracheque vergonhoso para uma profissão que transforma um país em todas as áreas, políticas, de saúde, educação etc; E tudo é tão fácil que de forma incompreensiva resumimos tudo em ‘PERDA DE TEMPO’.

Em uma greve, ainda que não atendida em todas as suas reivindicações, não se ‘PERDE TEMPO’. Quando se discute ideias, quando se luta por algo que se acredita, quando se busca justiça e quando se reivindica direitos, NÃO SE PERDE TEMPO. Perde-se tempo quando, passivos, aceitamos tudo o que é imposto; perde-se tempo quando deixamos que instituições e órgãos ditem o que deve ser feito, quando professores passaram quatro anos em uma universidade, sabendo das dificuldades da educação e mesmo assim não desistiram da docência.

Para esclarecimento, quando uma greve de professores é deflagrada todos os pontos são ligados à educação. Buscam-se salários dignos como forma de valorizar o trabalho que é desenvolvido com TANTO AMOR. Embora o diálogo esteja longo, ele não perde o seu dinamismo, o que mostra que não há ninguém parado, porque o que move um país são ideias, lutas, busca por transformações. O que não se pode é se acomodar a uma realidade injusta. Logo, a greve não impedirá que estudantes estudem, se preparem e se qualifiquem. Inclusive, na vida acadêmica, quando se está bem mais próximo da PROFISSÃO ESCOLHIDA, se a graduação for em Universidade pública, os alunos de hoje, que reclamam da greve, também passarão por outros movimentos grevistas. E nem por isso serão profissionais sem qualidade. A greve é história. Faz parte da transformação da sociedade.
E por falar e greve na educação, em abril do ano passado também foi deflagrada uma greve, com mais de um mês, nas Universidades Estaduais da Bahia. Muitos alunos ficaram sem aulas, como os da UNEB em Juazeiro. E muitos deles, a maioria, apoiaram o movimento e participaram diretamente das manifestações em ruas, assembleias. A categoria reivindicava, além da remuneração, contra um decreto que proibia docentes de se ausentarem para fazer mestrado, doutorado ou qualquer tipo de especialização. Coincidência?O problema é dos professores ou de um governo autoritário?
E antes que pensem que eu sou uma professora grevista, devo me apresentar. Sou Camila Dias, estudante universitária, 24 anos e irmã de Caroline Dias, estudante do Ensino Médio do Colégio Modelo. E mesmo vendo minha irmã dias em casa, cursando o terceiro ano e prestes a fazer vestibular, sou a FAVOR DA GREVE. Sabem por quê? Porque professores brasileiros não GANHAM O SUFICIENTE. Estamos falando de Brasil e não de Japão, França e China. Estudantes do Ensino Médio deviam saber disso. E ainda, porque DEVOTAR AMOR não significa ser SUBMISSO A UMA REALIDADE CRUEL.

O que nós, brasileiros, devemos fazer é procurar, pesquisar e entender as situações para que nossas palavras não saiam ao vento provocando descrédito na sociedade. Conhecer para depois intervir. Isso é o correto! Mas parece que a CONSCIENTIZAÇÃO ainda continua sendo um problema social.

Camila Dias/Estudante Universitária – Juazeiro (BA)


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